Recentemente eu fiz duas postagens falando um pouco da minha opinião sobre televisão e tudo o que isso envolve. Pois bem, quando eu falo provavelmente ninguém dá trela, então passo a palavra pra uma das atrizes mais talentosas do país e que, assim como eu, ama o teatro... Marisa Orth!
Aqui vão algumas passagens de uma entrevista recente dela:
Pergunta – Você acha que representar é um dom?
Marisa Orth – Acho que é uma missão. Ou é uma coisa de outra encarnação ou é uma
neurose muito precocemente adquirida, o que pode ser também.
Pergunta – Sobre o estigma das atrizes…
Marisa – Tem o estigma de que a atriz é falsa, tem o estigma de que a atriz
é fácil, porque ainda pega o negócio de beijar na boca de qualquer um,
é incrível. Fico chocada, mas tem. O pessoal acha que é muito
divertido fazer cena de sexo e é um horror. Uma semana antes, a gente
fica desesperada porque vai ter a cena de sexo. E atire a primeira
pedra a atriz que faz isso muito à vontade porque é dificílimo. `Ah,
mas se você tiver tesão pelo…´ piorou! Graças a Deus, por obra do
Divino, eu nunca estive em situações assim. Porque se você tem algum
interesse na pessoa, aí é mais constrangedor, é horrível. A gente tem
essa separação do corpo, por obrigação. Não que a gente seja devassa,
não é nada disso. Dá muito bem para você beijar e não estar beijando.
Assim como existe a situação na vida em que você está sentada perto da
pessoa, sem nem tocar, e está rolando um clima absurdo! Pelo amor de
Deus., é incrível que as pessoas não acreditem nisso. Então, o estigma
da falsa, o estigma da fácil e a fama. A fama é outro estigma.
Pergunta – Você tem o famoso tempo da comédia. Aliás, como você define esse tempo?
Marisa – Um ritmo. É uma coisa musical. É muito exato. Por isso é que se
costuma dizer que comédia é mais difícil do que drama. E porque não se
aprende. Você conhece alguém da sua família que não sabe contar piada e
começou a contar bem piada?
Pergunta – Não, mas mesmo assim insiste em contar.
Marisa – Exatamente, toda família tem uns dois, três. Lá vem de novo…
Pergunta – O seu lado musical te ajudou como atriz? Ajuda ainda?
Marisa – Sim, ajuda muito. Eu acho que não existe bom ator sem ouvido musical.
Pergunta – Por causa do ritmo?
Marisa – E do ouvido. Assim como pela nota musical da frase. Porque um cara
que não tem ouvido musical, quando o diretor fala ‘mais doce´, ele
abaixa o volume. Não, ‘mais forte´, ele aumenta o volume. Mas a
sequência de notas da frase ele não é capaz de mudar.
Aí vem a parte que realmente gostei e que me deixou muuuuuito feliz...
Pergunta – E o teatro é a arte do ator, como se costuma dizer?
Marisa – É. Teatro é delícia. Primeiro, porque você estuda, pode repetir. É
como um quadro, você ensaia dois meses. Aqui eu vou fazer esse gesto,
aqui eu vou fazer essa boca, aqui não sei o quê lá. Você apresenta um
trabalho mais bem-acabado, ensaiou dois meses aquilo, três, às vezes.
Eu sempre digo que qualquer peça que você faça, por pior que seja, sai
melhor atriz. Você aprende melhor, porque você melhora ao ensaiar. E
qualquer trabalho em televisão, por melhor que seja, te piora como
atriz, porque você não ensaia.
Pergunta – O teatro é o território para se arriscar mais?
Marisa – Teatro é a pós-graduação do ator. É onde você estuda, onde você melhora.
Acho que ficou bem claro o que eu quis dizer esse tempo todo. Mas, claro, todos sabemos que quando ela fala tem mais credibilidade. Não julgo os que pensam assim, só queria mesmo mostrar que, graças à Dionísio, não estou sozinha em minhas opiniões! Ufa! Obrigada Marisa!
Pra quem quiser ler a entrevista na íntegra, é só clicar
aqui!