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segunda-feira, 29 de junho de 2015

Ganância

Vira e mexe me deparo com divulgações de espetáculos genéricos extremamente mal feitos de filmes Disney e equivalentes... Aí a criança vê o desenho da Galinha Pintadinha num cartaz e por mais que o nome do espetáculo seja "Mariazinha e a Galinha Pintadinha no Reino da Porcaria" (exemplo tosco, porém plausível!) a mãe leva a coitada da criança. A pobrezinha vai super acreditando que vai ver a Galinha Pintadinha do desenho, mas o que encontra no teatro é uma fantasia mal feita e uma maquiagem derretendo capaz de traumatizar até adultos.

Isso me incomoda de um jeito doido! A ganância por dinheiro é tão grande que faz pessoas montarem espetáculos de baixa qualidade para crianças, sem nem se importar com o estético ou com a história. E os pais, que muitas vezes não podem pagar mais por uma montagem apresentável ou acaba se deixando levar pelos desejos dos filhos, são obrigados a compactuar com a palhaçada toda pra desiludir ainda mais as crianças.

CALMA! Não estou dizendo que todos os espetáculos infantis que usam nomes de filmes famosos são ruins. Mas o fato de que a maioria é de uma qualidade deplorável, isso é simplesmente inegável!

Como profissional da área, sei bem como é difícil levar público para assistir um espetáculo infantil que não tenha o nome de um personagem famoso no título. Acreditem, eu sei! Mas peraí né, galera!

Caros pais e responsáveis... Também sei o quanto é osso pagar caro pra levar uma criança pra assistir "O Rei Leão" quando o ingresso de "A Turma de Madagascar" custa menos da metade. Mas façam um esforço! Conversem com seus filhos, juntem um pouquinho mais de grana, mas POR FAVOR... Se é pra levar criança ao teatro, que seja pra assistir algo de que ela vai gostar, algo que valha a pena o dinheiro gasto no ingresso, algo de que ela vai se lembrar com alegria e não com trauma por ver uma Peppa Pig gigante com olhos pintados de branco onde deveria estar a boca.

Caros colegas de trabalho... Invistam! Pra ganhar dinheiro é preciso gastar dinheiro! E, se tratando do público infantil, não economizem! É foda pagar direitos autorais, dói o bolso pagar caro por um figurino bem feito e um cenário prático e bonito sim! Mas vale a pena! Experimenta montar um espetáculo sem título famoso e sem personagem plagiado e corre atrás, cara! Vai correr por patrocínio, nem que seja "vaquinha virtual", mas tá valendo! Vale a pena pela qualidade de seu próprio trabalho, vale a pena fazer algo bem feito, vale a pena ver crianças felizes, vale a pena lucrar pouco no começo até que a montagem conquiste público com o boca a boca... Vale a pena!

Sejamos menos gananciosos! Vamos pensar mais no público do que em nós mesmos, pois sem público não há espetáculo!

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

(Des)Valorização

Sim, faz tempo que não posto nada aqui. tem muita coisa acontecendo na minha vida profissional nesse momento e eu estou achando tudo isso ótimo, é claro! Apesar de cansativo e de ter que abdicar de algumas coisas pra conseguir dar conta do trabalho, eu adoro essa correria!

Mas vamos ao assunto... Essa semana vi duas coisas acontecerem, ambas com o mesmo tema, digamos assim! Artistas que banalizam seu trabalho e por consequência desvalorizam o trabalho dos colegas de profissão.

Diz-se que arte não dá dinheiro, que não é valorizado, que não há incentivo... Ora, como valorizar, incentivar e conseguir lucrar com um trabalho que o próprio artista entrega de mão beijada?

Não sei qual foi o contexto, mas uma amiga de longa data, colega de profissão postou no facebook: "Amigos artistinhas, não desvalorizem o trabalho dos seus colegas. Não prostituam (tanto) a sua arte. Tenham amor pelo próprio trabalho e pelo trabalho do próximo. Faz bem pra todo mundo!" 
Pouco tempo depois (em notícias não relacionadas a essa postagem) soube que um grupo de teatro teria oferecido seu trabalho gratuitamente para uma empresa que fazia cotações com vários grupos para a realização de sua SIPAT. Aí eu pergunto: dá pra concorrer com gratuidade? Se o que o contratante quer é economizar (como acontece na maioria das vezes), qualquer grupo que ofereça o seu trabalho por qualquer valor por mais em conta que seja, não tem chance contra um grupo que "dá de graça". E então, por mais que o contratante possa se arrepender caso o barato (ou o de graça) tenha saído caro demais, a cagada já está feita! O grupo em questão banalizou seu trabalho e os outros grupos deixaram de realizar um trabalho que manteria sua sobrevivência.

Começo a pensar que o que falta pra alguns artistas é se amar mais! Se valorizar pra ser valorizado! Saber cobrar pelo seu trabalho que em hipótese alguma sai de graça. Afinal, no mínimo é preciso gastar com alimentação e transporte e isso certamente sai do bolso de alguém.

Volto a dizer o que já disse em alguma outra postagem: Caros artistas, colegas de trabalho, colegas de sofrimento da profissão... Se dê o devido valor, se respeite, se ame! Caso contrário ninguém fará isso por você! Não reclame de falta de dinheiro se não sabe cobrar! E por fim, não puxe o tapete do colega porque você percorre o mesmo caminho e lá na frente, mesmo que na ponta do tapete, quem pode cair é você!

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Valores

Quanto um ator deve receber por seu trabalho? Qual é o valor considerado justo? Na minha opinião a resposta dessas perguntas é: "Depende! São muitas variáveis!" Explico...

Acontece que cada montagem, e muitas vezes cada apresentação, é única! Se um espetáculo é bem vendido sendo possível pagar um cachê gordo pros atores, ótimo! Mas se não, cabe ao responsável repassar o valor que considerar condizente com o trabalho. Sim, tem muito pilantra no mundo que aproveita pra ganhar dinheiro em cima do trabalho dos atores sim, mas o que parece que as pessoas não entendem é que se um ator aceita, pelo motivo que for, fazer um trabalho por um determinado valor, não adianta chorar depois!

Ah, mas existe a tabela de piso salarial do SATED. Existe sim! Mas o que você prefere: ter frequência de trabalho por um valor que pode estar abaixo da tabela ou trabalhar uma vez por ano e ganhar o piso? Fica difícil pagar o valor sugerido pelo SATED quando a arte não é valorizada. É isso que eu percebo que alguns atores não conseguem entender! A tabela é válida e deve ser levada em consideração, mas sem meios pra isso, fica difícil!

Me lembro dos oito anos que fiz de teatro em Santos... Não recebia cachê por apresentação, não tinha ajuda de custo pra ensaio, figurino e cenário eram pagos com uma grande vaquinha feita entre o elenco e direção. Vim pra São Paulo, passei a receber pelo meu trabalho e aos poucos fui aprendendo a lidar com isso. Nunca reclamei de um valor pago por um simples motivo: eu aceitei! Eu sabia das condições e topei, então não posso reclamar! Se estivesse insatisfeita, (como já estive) procurava outra coisa que me pagasse melhor e então simplesmente me afastava.

Não estou dizendo que ator tem que aceitar ganhar qualquer coisa, não, muito pelo contrário! Precisamos receber o que é nosso por direito. Mas caramba, gente! Você aceitou apresentar um espetáculo ganhando R$50 e sabia disso desde o começo? Algum motivo você deve ter tido. Então me explica porque de uma hora pra outra isso passou a não ser o justo pra você. Resolveu se valorizar ou alguém enfiou caraminholas na sua cabeça te fazendo mudar de ideia? Veja bem, você não precisa aceitar ganhar esses R$50 pro resto da vida, mas à princípio foi o que te ofereceram. Pode apostar que devem ter tido motivo pra te oferecerem esse valor.

E quando um ator ganha, sei lá, R$1.500 por apresentação e de repente passa a achar isso pouco. Estrelismo não gente, façam-se esse favor!

Enfim, perdoem o desabafo... Só acredito que "valores" dependem de variáveis para ser definidos e a partir do momento que se assume um compromisso você deve honrá-lo. A maioria de nós atores trabalha como freelancer e depende de conseguir pegar um trabalho e ganhamos pouco sim, infelizmente é uma realidade. Mas saibam valorizar o que vocês ganham, quer achem muito ou pouco.