quarta-feira, 16 de abril de 2014

Estudos pra arte e pra vida

Caio Castro causou alvoroço e dividiu opiniões ao dizer que não gostava de teatro e nem de literatura e apenas se mantinha antenado pro caso de alguém perguntar algo pra ele.

Eu, particularmente, acho que a experiência do palco e a convivência num grupo é importante pra um ator. É algo que dá uma bagagem impossível de se comparar com qualquer coisa no mundo.

Em quase todas as áreas profissionais tem "sortudos" que queimaram etapas apenas por estar no lugar certo na hora certa ou por ter um QI*. Acontece que isso faz outras pessoas acreditarem que também podem chegar a algum lugar sem fazer um pingo de esforço e essa é uma das causas de tudo estar do jeito que está. 

Acompanho as postagens da fanpage do blog "Atores da Depressão" e hoje eles postaram a imagem de uma mensagem deixada pra eles: 

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=736938962993557&set=a.342840839070040.79558.342833715737419&type=1&relevant_count=1

Geeeente, socorrooooo! Essa "cultura" do "basta ter um rostinho ou um rabo bonito" pra estar na TV me maltrata!

Ator precisa estudar sim, criatura! E muito! No seu caso, precisa estudar Português também porque tá complicado assim, viu!?

Peço a atenção dos jovens desse Brasil nesse momento: Galera, tem sim gente que se dá bem sem fazer porra nenhuma da vida, mas ou são 15 minutos de fama normalmente mal aproveitados ou acaba virando alvo de chacota. Entendo que é difícil, mas pensem no futuro! Hoje você tem um rosto e um corpo bacana, mas amanhã isso acaba! Hoje você está na TV e tem dinheiro, mas amanhã pode não estar e com falta de preparo e estudo você estará na lama! Pensa: se tá difícil pra quem estuda e rala todo dia, imagina pra quem não faz isso? Consciência pelo amor de Deus! Não seja um Neto da vida que se gaba por estar na Band e comentar Copa do Mundo falando errado, enquanto jornalistas formados estão desempregados! 

Desculpem o desabafo! Obrigada pela atenção!

*Quem indica

segunda-feira, 24 de março de 2014

Diretores e suas direções


Li num livro uma vez que "diretores de teatro são atores frustrados". Não concordo, mas também não discordo totalmente! Não dá pra generalizar, mas existem sim diretores que se frustraram como atores e vivem pra infernizar a vida daqueles que estão no palco.

Mas existem diferentes tipos de diretor... Alguns exemplos:

- "Diretor espelho": Aquele que não consegue só dirigir, ele precisa subir no palco e fazer a cena pra que o ator o imite em cena depois;
- "Diretor Pai": Aquele que tem uma paciência infinita com os atores e até as broncas são dadas de forma carinhosa;
- "Diretor General": Ele não pede, ele manda! E ainda te faz chorar pensando seriamente em abandonar a carreira (a maioria é daqueles que se frustraram no palco anteriormente). Ele tem necessidade de deixar claro que é ele quem manda no pedaço;
- "Diretor detalhista/perfeccionista": Aquele que faz marcação até pros fios de cabelo que devem cair em determinada cena;
- "Diretor se vira": Ele diz pro ator muito por auto como deve ser a cena, mas como você vai fazer pra conseguir é problema exclusivo do ator;
- "Diretor espremedor de laranja": Ele sabe o que pode tirar do ator e o espremerá até extrair absolutamente tudo;
- "Diretor de tela em branco": Esse espera o ator mostrar o que tem pra só depois corrigir o que se fizer necessário, ele só dá as últimas pinceladas e assina a obra;
- "Diretor aventureiro": Não tem nenhuma formação e não foi ator, mas viu uma peça que o fez se apaixonar e achar que tudo era muito fácil e então decidiu dirigir um espetáculo achando que vai revolucionar a história do teatro.

E por aí vai...

Diretores têm uma função nobre, pois ele é quem concebe o projeto do espetáculo, elabora e coordena a encenação, a partir de uma ideia ou texto utilizando-se de técnicas para obter os melhores resultados da comunicação com o público.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Publico respeitável

A essência do teatro é composta por um trio! Três pernas de um banquinho, três partes, três elementos indispensáveis: ator, personagem e espectador.

Há algum tempo participei de uma montagem de espetáculo que falava dos bastidores do fazer teatral... O nervosismo dos atores, os erros, os desentendimentos, enfim tudo o que faz parte do teatro e que passa despercebido para o público que só assiste o que vai para o palco. Na ocasião, um amigo que auxiliava na bilheteria fez um comentário sobre a plateia e como ela influencia no bom andamento do espetáculo. Posteriormente, essas observações foram incorporadas ao texto tornando o espetáculo ainda mais completo.

Está rolando por aí uma campanha chamada "Saia já do foco!", uma referência ao foco de luz criado no rosto de um espectador que mexe em seu aparelho celular na escuridão de um teatro durante um espetáculo. Isso tudo me fez pensar e nesse momento escrevo uma postagem no blog para falar do público.

Não se pode negar o quanto a tecnologia facilita a nossa vida cada vez mais, mas também não podemos negar o quanto ela também nos atrapalha, principalmente a internet que é um verdadeiro vício! Aí eu pergunto: porque uma pessoa sai do conforto da sua casa e paga ingresso para ficar de olho no celular enquanto um espetáculo teatral acontece diante do seu nariz? 

Mas quem dera esse fosse o único ponto a ser discutido a respeito do comportamento do público... Há uma cultura desprezível chamada atraso! Aí você está lá sentado na plateia assistindo os primeiros minutos do espetáculo (que são importantíssimos para entender o contexto) e de repente uma luz surge ao fundo e você ouve um burburinho... É alguém chegando atrasado, abrindo a porta de entrada do publico e falando alto com o acompanhante sobre como será difícil encontrar lugar pra sentar na escuridão. Ah, faça um favor e chegue na hora marcada!

E como se a luz da tela do celular já não fosse suficientemente irritante, por vezes ouve-se um tocar e pra piorar tem gente que atende e ainda diz "tô no teatro e não posso falar". Aaaah, então você sabe que não pode falar no teatro? Então porque atendeu o celular, criatura? Infelizmente existem pessoas sem educação, sem cultura ou simplesmente sem "semancol" que faz essas e outras coisas nesse mesmo nível.

Vá ao teatro, sim! Prestigie! Mas vá com vontade, chegue na hora, desligue o celular, tire fotos sem usar flash, se tiver vontade de ir ao banheiro saia o mais discretamente possível, faça o dinheiro gasto no seu ingresso valer a pena ter sido pago, pois pode apostar que os atores estarão empenhados para apresentar o melhor espetáculo da sua vida. E se por acaso o espetáculo não estiver lhe agradando e você achar que acessar a internet pelo celular é mais interessante, tenha a decência de se retirar!

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Opinião de Maria Ninguém

Estava lendo uma matéria com trechos de entrevista com Antonio Fagundes, não porque a manchete diz que ele vai "contracenar com Sandy em filme de terror", mas sim por causa de alguns comentários dele. Como não consigo ficar quieta, vou compartilhar minhas impressões sobre algumas das frases dele.

Primeiro ponto a ser comentado: Ele diz ser "analfabyte" por opção, pois acredita que "ou você passa o tempo todo limpando sua caixa de e-mail ou vai fazer outras coisas, ler, trabalhar". Fácil pra um ator com 37 anos de Rede Globo! Se um ator sem essa vitrine e sem esse "nome feito" não tiver pelo menos um endereço de e-mail, meu caro amigo, ele simplesmente não trabalha! Vai um "não Antonio Fagundes" inventar de se esconder do mundo digital pra ver o que acontece.

Segundo ponto: Nas palavras dele "Sou muito pontual e exijo pontualidade de quem trabalha comigo." Perfeito! Pontualidade é algo que as pessoas deveriam prezar mais! Imprevistos acontecem sim, mas atrasos por atrasos são pura falta de educação e consideração por quem está esperando.

Terceiro ponto: "Atuar é a profissão mais disciplinada que existe. É rígido. Não entendo quem diz que é coisa de boêmio." Obrigada, Fagundão! Agora sim você falou bonito! Também não entendo as pessoas que acreditam que ser ator é fácil e não requer trabalho duro, sacrifícios e disciplina.

O quarto ponto foi o que mais me chamou atenção: "É uma coisa que me chateia muito. Sempre falam de ingresso mais barato no teatro. O ingresso mais barato pro jogo do Flamengo custava R$ 250 e o cambista vendeu por R$ 800. A gente que deveria estar cobrando isso, e não o Flamengo." Fagundes, Fagundes, ah Fagundes! Esse é o sonho de todo artista! Mas infelizmente estamos no país do futebol e não das artes cênicas. Quem nos dera poder cobrar R$100 que fosse por um ingresso e ter casa lotada, mas a população prefere gastar esse valor numa noite na balada ou completar pra ver uma partida de futebol, não há costume, não há gosto, e quase não há educação para teatro. Até é possível vender ingressos por R$100, mas mesmo sendo Antonio Fagundes, não haverá casa lotada. 

Eu, como todo artista da área, concordo que o teatro deveria ser mais valorizado. Mas cá entre nós, acredito que valha mais a pena cobrar R$1,00 por um ingresso e "fazer o teatro acontecer" atingindo as pessoas que estiverem assistindo e proporcionar o acesso ao maior número de pessoas, do que cobrar muito mais e ter meia dúzia de gatos pingados na plateia.

É minha opinião! Mas eu não sou Antonio Fagundes... Aliás, quem sou eu mesmo?

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Meu querido site

Há 5 anos eu criava um site! Site que hoje tenho o prazer e a felicidade de ver o quanto é útil!
Um site sobre a minha paixão, um site sobre teatro... Amando, interagindo, DESVENDANDO TEATRO!

Pra comemorar seu aniversário, o site ganhou um novo layout. Mais claro e leve, assim como ele, simples, direto e completo! Resolvi também fazer um vídeo comemorativo falando sobre ele. Segue abaixo:


Agradeço imensamente todas os visitantes e pessoas que colaboram com o site direta ou indiretamente. Agradeço meus amigos: Carol que criou o belo logo, Amanda que me auxiliou na elaboração das perguntas sobre o site e Fábio que sempre me ajuda tanto e mandou muito bem mais uma vez no novo layout e arrasou na filmagem e edição do vídeo acima! Enfim... Todos vocês são demais! 

Obrigada!

http://www.desvendandoteatro.com/

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Desejos de ano novo

Para 2014 desejo a todos os atores e apaixonados por teatro como eu...

Patrocínios e apoios culturais para todos;
Leis de incentivo melhores;
Projetos de sucesso;
Trabalho árduo, mas recompensador;
Textos que nos convide a pensar ou embarcar numa aventura incrível para fugir um pouco da realidade;
Espetáculos que, de alguma maneira, modifiquem as pessoas;
Ensaios tranquilos e bom ambiente de trabalho;
Cenários leves e práticos de carregar;
Figurinos duráveis, bonitos e baratos;
Maquiagens que não escorram com o suor;
Palcos firmes que não ameacem desabar a qualquer momento;
Iluminação que não falhe;
Sonoplastia perfeita;
Plateias cheias e público satisfeito;

Eu poderia listar 2014 desejos aqui, mas ao invés disso encerro desejando apenas muitos aplausos, sucesso e muita MERDA sempre!

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Só pra esclarecer

É comum as pessoas pensarem que trabalhar com arte é fácil. Então eu pergunto: Não ser valorizado lhe parece fácil? Não ter hora pra acordar, pra dormir ou comer lhe parece fácil? Bater perna atrás de patrocínio e só ouvir "não" lhe parece fácil? Trocar o almoço com a família ou uma festinha porque precisa trabalhar lhe parece fácil? Pois não é! Não é mesmo!

Como se não bastassem as dificuldades inerentes da profissão de ator, ainda é preciso ter sangue frio e paciência pra aguentar perguntas como "Ah você é atriz, mas que novela você fez?", "Me manda um beijo quando for no Faustão?" e assim se segue até que alguém sem noção nenhuma do mundo diz "Ai que chique! Você deve ganhar muito bem!". A reação mais comum é aquele sorrisinho amarelo com cara de paisagem pra não mandar a pessoa praquele lugar!

Há ainda aqueles que acham que ator, palhaço e comediante é tudo a mesma coisa! Chegam pro ator falando mais ou menos assim: "Conta uma piada", "Faz alguma coisa engraçada!", "Anima a festa de aniversário da minha sobrinha? Você é ator mesmo!"
Pra piorar um pouco mais, há aqueles que não acreditam quando você chora de emoção porque "você é ator então interpreta 24 horas por dia e sete dias por semana". Esses pra mim são os piores! Interpretar não é mentir! Não sei quanto à outros atores, mas eu me incomodo muito quando pensam que estou fazendo tipo só porque sou atriz. Meu trabalho, toda minha interpretação, se restringe aos ensaios e apresentações!


Vamos deixar bem claro pra não haver dúvidas: 

1- Ator e palhaço são coisas diferentes, apesar de ambos não receberem o devido valor. Você não pede pra um açougueiro cortar seu cabelo, então não peça pra um ator animar festa de criança.
2- Atores têm vida, são pessoas normais que riem e choram quando sentem vontade e, acredite, a maioria não fica fazendo gracinha por aí. Os que fazem não podem ser chamados de atores de verdade!
3- Ator ganha pouco! Então se puder ajudar (de verdade) de alguma forma, faça isso! Apoie, patrocine e, principalmente, prestigie! Não há recompensa maior que o reconhecimento!
4- Nem todo ator almeja trabalhar na TV, ficar famoso e dar entrevista no Jô... Mas todo artista merece respeito e consideração, trabalhando em uma grande emissora ou numa cia. de teatro amador.
5- Atores se sacrificam e ralam à beça, então faça o favor de não dizer-lhes que seu trabalho é fácil.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Aventurando na escrita

Que ator nunca quis, teve uma pontinha de vontade ou realmente tentou escrever uma peça de teatro?

Acho que é algo que passa pela cabeça de qualquer ator. Depois de tanto interpretar personagens idealizados por outras pessoas, bate aquela curiosidadezinha misturada com uma vontade estranha de criar seu próprio texto.

Pois bem, fiz isso há alguns anos em conjunto com uma amiga. Nossa vontade "era do tamanho de um clássico", então decidimos transformar algo que já existia e mexemos logo com um grande nome do teatro em um de seus textos mais famosos: "Romeu e Julieta" de William Shakespeare.

Estávamos cansadas de ver montagens padronizadas que buscavam ser fiéis aos originais, queríamos inovar e fazer as pessoas pensarem que dá pra fazer coisas diferentes sem fugir à história que o autor queria contar. Mas claro, demos nosso toque, contamos a história do nosso jeito e modificamos o final (sim, aquele final clássico e triste) a fim de transmitir uma mensagem: "Tudo sempre acaba bem e se ainda não está bem, é porque ainda não chegou ao fim!".

Pra quem tiver curiosidade em saber como ficou essas adaptação, é só baixar o texto clicando aqui!

Desde então não escrevi outro texto para teatro, mas vez ou outra escrevo algumas coisas... Assim nasceram alguns contos que podem ser encontrados no meu perfil no site Recanto das Letras.

Se tenho ideia pra escrever mais  um texto teatral? Tenho sim e talvez um dia eu finalmente escreva... Quem sabe? 

Enquanto isso, "Julieta e Romeu?" continuará sendo montado (principalmente por grupos de escola) e fazendo pessoas rirem um pouco ao ver um clássico com outros olhos! =D

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Top 20 - Textos Teatrais

Por ser atriz, mas principalmente por manter um site sobre teatro, estou sempre procurando, lendo e estudando textos de teatro. 

Dia desses estava lendo um grande bate papo de atores falando sobre textos teatrais que recomendavam ou que consideram importantes para a formação de um ator. Comecei a pensar sobre isso e cheguei à conclusão de que não sou uma pessoa muito normal! Claro, existem aqueles textos que são verdadeiros clássicos e que toda humanidade (não somente os atores) deveria ler. 

Mas na minha "lista" de textos de leitura indispensável estão alguns títulos que vão além dos clássicos. Criei um "Top 20" de textos que eu indico para leitura. 

Segue abaixo com links pra quem, por ventura, quiser baixar:

1- "Medéia" de Eurípedes
2- "A Casa de Bernarda Alba" e 3- "Yerma" de Federico Garcia Lorca
4- "Auto da Barca do Inferno" de Gil Vicente
5- "Pluft - O Fantasminha" de Maria Clara Machado
6- "O Caixeiro da Taverna" de Martins Pena
7- "Escola de Mulheres" de Moliére
8- "Dorotéia" e 9- "A Falecida" de Nelson Rodrigues
10- "Quando as Máquinas Param" de Plínio Marcos
11- "Piquenique no Front" de Fernando Arrabal
12- "Esperando Godot" de Samuel Beckett
13- "Édipo Rei" e 14- "Eléctra" de Sófocles
15- "Sonho de uma Noite de Verão" de William Shakespeare
16- "Um Bonde Chamado Desejo" de Tennessee Williams
17- "Os Saltimbancos" de Chico Buarque
18-
"Lisístrata" de Aristófanes
19- "Os Pequenos Legumes" de Cyrano Rosalém
20- "A Cantora Careca" de Engène Ionesco

Ressalto que o vigésimo é o meu preferido! Não diria que é um clássico, pois muita gente não o conhece. Mas é o melhor texto de Teatro do Absurdo que eu já li. É bom porque é simples e isso torna sua montagem um desafio que deve ser levado muito a sério, pois qualquer deslize pode acabar com sua simplicidade e magia. O décimo primeiro e o décimo segundo seguem essa mesma linha: são maravilhosos, mas requerem cuidado redobrado numa eventual montagem.

Espero que quem vier a ler os textos indicados nesta lista, goste tanto e veja tanto potencial neles quanto eu. 

Boa leitura!

sábado, 16 de novembro de 2013

Entrando no compasso cômico

Alguns dizem que “é mais fácil fazer chorar do que fazer rir”. Não sei até que ponto eu concordo ou discordo disso! Na verdade, acredito que o que difere o drama da comédia seja a técnica aplicada! E se a técnica de um é mais simples que a da outra é só uma questão de ponto de vista. Se no drama podemos usar a memória emotiva em nosso favor, na comédia não podemos nos valer dela.

Fazer comédia é complexo... Mas o drama também é! Não devemos nos esquecer que tragédia rima com comédia e que isso significa que se nos excedermos em qualquer um dos dois, pode acabar se tornando o outro. Como? Assim... Uma comédia forçada pode ser desastrosa tornando-se, portanto, trágica. Já um drama exagerado pode acabar se transformando num dramalhão mexicano e “assim nasce a tragicomédia”. Dá pra entender o quanto os dois podem se misturar e se unir mesmo sendo, aparentemente, tão diferentes?

Penso o seguinte: pra fazer teatro, o ator precisa se entregar ao personagem e dar o melhor de si! Porém, pra que se faça um drama, o ator pode recorrer a inúmeras técnicas e mesmo que ele não faça a plateia se debulhar em lágrimas, ele pode conquistar sua meta e atingir o público. Já numa comédia, a grande sacada é o “tempo”. Se as falas não forem dadas no “tempo certo”, elas não surtem tanto efeito... Se um movimento não é feito no “tempo precisamente exato”, ele perde a graça! O drama também tem o seu “tempo” que se não for bem pensado e feito, cria lacunas no espetáculo. São “tempos” diferentes! Cada um no seu compasso!

Mesmo tendo contato anterior com a comédia, eu fui aprender e sentir um pouco mais como isso funciona na montagem da cena “A Família Gildézia”.


Por mais que amemos todos os personagens que já fizemos, nós atores, sempre temos os nossos xodós. A Gildézia é um dos meus por dois motivos: porque foi meu primeiro personagem cômico e porque é um personagem simplesmente sensacional! Foi quando comecei, verdadeiramente, a entender e fazer comédia.

Abaixo vai o vídeo com a cena completa pra quem quiser conhecer essa nordestina desbocada, ingenuamente esperta, mão coruja e louca que é a Gildézia. Espero que gostem, pois eu amei dar vida a essa parideira arretada! =D